quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

A TRANSMUTAÇÃO DA VERDADE EM MENTIRA

Transmutação é um substantivo feminino que, em genética, quer dizer a formação de uma nova espécie por meio do acúmulo progressivo de mutações na espécie original. Transpondo esta ideia aos fenômenos social, político, e econômico, pode-se dizer que as ideologias sempre estão em mutação. Até então, normal, pois é da natureza do universo a constante transformação. Todavia, quando está em vista a transmutação, tal fenômeno provoca, não apenas, uma mudança de diretrizes, mas a mudança na própria matriz. Uma vez a matriz alterada tem-se uma total mudança do que estava posto e conhecido. Não é mais a mesma ordem vigente e aceita como válida. O mundo é um palco de constantes mutações, sejam elas para bem, sejam para mal. O fato é que seus atores, devem ter plena consciência do que tais mutações irão representar em suas posições e em seus pressupostos. Sabe-se, no entanto, que estes processos são lentos, gradativos, e, por vezes, imperceptíveis. Nunca se tem uma transmutação pura, absoluta, e instantânea. Não é da natureza humana a unanimidade em processos de mudanças. O novo sempre vem, é verdade, mas em contrapartida ele sempre terá oposição. Também é da natureza humana se opor ao novo. 
A subversão é utilizada para implantar as mutações, e, posteriormente, chegar-se às transmutações. Por subversão se entende um processo de insubordinação contra as autoridades, as leis, e a ordem vigente. Trata-se de um conjunto de ações sistemáticas realizadas por elementos internos, visando minar e destruir um sistema político, social, e econômico. Tomam as contradições existentes, por exemplo, na religião e as expõem ao ridículo. Denunciam bombasticamente os erros dos agentes públicos do judiciário, do executivo, e do legislativo. Infiltram-se promotores de comportamentos contraditórios nas forças militares e de segurança, os quais promovem delitos, crimes, abusos, e imperícias. Mostram as fraquezas das organizações partidárias, e criam conflitos entre as classes sociais, especialmente entre os trabalhadores e a patronal. 
Paralelamente, e paulatinamente a grande mídia se rende aos apelos da subversão, porque depende dos milhões gastos em propagandas institucionais. Surgem diversas organizações paralelas ao poder constituído para tomar as decisões pela sociedade. A cada dia a sociedade organizada cede o seu lugar a pequenas organizações não oficiais. As escolas são transformadas em cátedras de alienação por meio de livros e cartilhas de doutrinamento. As novas gerações são deseducadas e transformadas em "focas amestradas" que reproduzem os discursos alheios sem examiná-los. Falam contra o preconceito, mas são mestres em emitir conceitos, sem conhecer as causas determinantes dos fatores. Exigem todos os direitos, mas não cumprem obrigações. É uma juventude sem contrapartidas, mimada, e autoritária.
A transmutação acontece quando a sociedade se torna inerte e incapaz de pensar e agir em conjunto contra a subversão dos valores. Neste ponto aparecem os subversivos oferecendo um novo modelo. Apresentam-se como os únicos salvadores da pátria e capazes de instaurar a ordem e o progresso. Neste mesmo momento aparecem os políticos profissionais oferecendo os seus projetos de leis para garantir as mudanças necessárias. Usam incansavelmente dos mesmos clichês e palavrinhas mágicas: justiça social, democracia, políticas públicas, avanços sociais, direitos humanos, modernidade, ações positivas, etc. Estas palavras têm o dom de hipnotizar as pessoas, sobretudo as mais carentes e necessitadas. A partir deste ponto surgem as primeiras reações entre classes sociais diferentes, instalando-se uma velada luta de classes. O pobre atribui à sua pobreza a acumulação de riqueza dos ricos. Os ricos afirmam que o problema é dos pobres que são desorganizados, imprudentes, preguiçosos, e revoltados. 
Uma vez instalados todos os tipos de antagonismos no seio da sociedade o clima está pronto para surgir o "Sassá Mutema", a saber, o mítico salvador das massas oprimidas e injustiçadas. Logo aparece a imprensa indicando o caminho, induzindo o que é certo, polarizando em torno de um nome preestabelecido. Uma nova ordem é imposta por meios aparentemente democráticos. Em seguida começam as queimas de arquivos, os descartes dos que sabem demais. Pessoas são acusadas, presas, banidas, e mortas em nome da nova ordem instalada. Assim, inicia-se um novo ciclo que em nada mudará a realidade transmutada. Apenas substituem corruptos, por corruptíveis. Assim, a verdade é o que é real e está posto diante do homem, e a mentira é o homem dizer que pode oferecer outra realidade melhor.
Por esta razão é que a única revolução possível e capaz de fazer algo significativo é a revolução do ser. Enquanto não houver alterações na natureza humana, é perda de tempo substituir os sistemas, regimes e modos de produção. A história da humanidade tem mostrado isto claramente. Os impérios se sucedem e os erros são sempre os mesmos!

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