quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Quando eu sou o sujeito que escreve

De todos os verbos que conjugo todos os dias e de todos os atos que pratico por rotina, "escrever" é o que mais me intriga, e o que mais me consome.
Porque quando eu me sinto, debruçada por sobre uma folha de papel com todos essas linhas vazias, eu sou o sujeito que pratica a ação, e, de um jeito ou de outro, sou também o que sofre a mesma.
Cansando o lápis com símbolos que chamam de letras, feitos para formar palavras, que por sua vez formarão frases. Mas acontece que o sentido, a coerência e o contexto, são todos por minha conta e risco.
Seja minha voz ativa, passiva ou reflexiva, cabe a mim não perder o enredo. Escolher o jeito certo para dar o começo, persistir fielmente e não pecar pelo desfecho.
Na primeira pessoa, eu faço, mas na segunda e na terceira também não há diálogo sem mim. Seja eu narradora, uma multidão inteira, homem ou mulher ou apenas espectadora .
Escrevendo minha personalidade é anulada, e como que num passe de mágica, é transferida para um conto, uma história, um crônico acontecimento, que, fora desse texto, nem pareceria merecedor de tamanha importância.
É isso que venho feito nos últimos anos, mais que nunca nos últimos meses. Pegar o simples e enfeitá-lo, mostrar que muitas vezes o detalhe mais bobo que passa despercebido, pode ser o clímax, pode ser a peça que falta para dar sentido.
Porque ao contrário do que acham por aí, nós não somos máquinas. E as experiências por quais passamos diariamente tem lá o seu valor.
É impossível ser sempre igual, sempre o mesmo, sempre perfeito, e até o erro de repente pode ser algo que se valha passar a diante.Tudo depende do modo como se conta a coisa toda, como mostrar a alguém que o "normal" esconde milhares de motivos pra ser engraçado, pra ser bonito, e pra deixar uma mensagem.
E quanto a mim, nesse papel que assumi por distração e por instinto, pois escrever é ainda mais que meu maior vício, é uma paixão sincera disfarçada de capricho.
Nem sempre sou feliz em todas as minhas conotações e nos meus comentários, apenas falo o que penso, e, que me desculpe a gramática, mas pra mim, pensar é um verbo indefinido.

Um comentário:

MENDIGO ENTRE MENDIGOS disse...

Lindo texto Sissa Ássia...
Você brinca com as palavras, deixando-as leves e livres.
Parabéns.