segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

O PAÍS DOS OXIMOROS

O Brasil pode ser nomeado, substantivado, e adjetivado de diversas maneiras, e por diversos recursos de linguagem. Usam e abusam de ufanismos para definir e redefinir o Brasil. Este viés é antigo, por isso, retratado em poética decantada pelas escolas, e cantada por vozes dos mais diferentes matizes e estilos. Costuma-se nomeá-lo de "país continente", "democracia racial", "nação emergente", entre outros. Agora, inclusive, querem nos enfiar goela abaixo uma série de solecismos como aceitáveis, em contraposição à norma culta. À guisa de exemplo, temos o recente caso do "nois pega o peixe" do material didático adotado pelo MEC nas escolas públicas.
Em 1900, o conde Afonso Celso escreveu o livro, "Porque Me Ufano do Meu País". A partir desta obra desenvolveu-se uma forte tendência à exacerbação do patriotismo, pelo menos, em palavras, e muito menos em atos. De lá para cá as coisas não se alteraram muito. Mudaram-se os personagens, mas o hábito dos oximoros permaneceram.
Define-se como oximoro uma figura de linguagem clássica que confronta duas ideias opostas, afim de formar uma terceira concludente. Tal processo, ou recurso força o leitor a buscar uma saída metafórica para entender o sentido do que se declara sobre o sujeito. Assim, na expressão: "um instante eterno", o leitor é conduzido a uma breve confusão entre o que é instantâneo, e o que é eterno. São ideias opostas, mas que, pelo sentido desejado produz uma terceira via. Neste caso, fica subentendido que a intensidade do instante é tão forte, que faz perder a noção de tempo. Tal recurso é frequentemente utilizado pelos místicos e pelos românticos. 
É uma alternativa retórica que depende exclusivamente da interpretação pessoal de quem ouve, ou lê. Por isso, bastante útil aos círculos políticos, econômicos, e acadêmicos. Por esta razão alguém, já afirmava em música: "eu presto atenção no que eles dizem, mas eles não dizem nada." A ideia 'deles' é esta mesma!
Desta forma alguns comunicadores são exímios oximoronistas, pois eles dizem o que querem, não dizendo-o diretamente, e deixa o ônus do resultado na conta de quem interpretar. Não respondem pelo dito, pois não vale o dito pelo dito, mas o dito pelo não-dito. Destarte, eles dizem por exemplo, "fulano de tal fez uma declaração tácita". É uma declaração verbal, ou apenas subentendida? O tácito serve como prova verbal, e confessional? Quando apertado pelos opositores, tais afirmações acabam numa explicação mais ou menos assim: "bem, ele não quis dizer isso, ou aquilo." Ora, não quis, mas disse! É tão forte este comportamento que os comunicadores da 'mass media' afirmam sobre certas acusações, investigações, e apurações: "o suposto esquema de desvio de verbas." Não querem assumir o ônus de terem julgado e condenado alguém, cujo delito está mais do que comprovado.
O personagem do seriado humorístico mexicano, Chaves, sempre diz: "foi sem querer, querendo." É precisamente isto que é um oximoro. Neste sentido temos no Brasil experts nesse recurso. É uma tal de "lúcida loucura", ou mesmo um tal de "silêncio eloquente", ou ainda a famosa "inocente culpa".
Assim seguimos 'adelante', pois nunca na história deste país se viu tantos oximoronautas, que estão mais para desinformatas em benefício próprio.
Ad infinitum et ad nauseam.... 

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