terça-feira, 27 de dezembro de 2011

ENTRE O SIM E O NÃO, FICOU SIM, UMA DÚVIDA

O plebiscito para a divisão do atual estado do Pará, e a criação de dois novos estados, o Carajás e o Tapajós, ocorreu no dia 11 de dezembro de 2011. Fora as questões de ânimos acirrados de ambos os lados, o que é comum nesses casos, tudo transcorreu na mais perfeita ordem da civilidade. Entretanto, este foi um processo que já nasceu fadado a uma única resposta, o "NÃO", pois todo o estado do Pará foi submetido à escolha. Ora, partindo do fato que a região mais habitada fica no noroeste do estado, onde não querem a divisão, obviamente prevaleceria o não. É o que comumente se designa por "favas contadas." Não é necessário um profundo exercício de matemática para saber previamente de um resultado desses. 
Um plebiscito é, como a própria palavra induz, uma resposta do povo, das massas, da plebe. Provém do latim 'plebscitu', que, na Roma antiga era tratado e considerado como o voto ou decreto passado em comício, obrigatório apenas para os plebeus, em sua origem. Na atualidade alguns Estados utilizam-se do plebiscito antes de editar, positivar e validar a norma que recai num ato legislativo, ou administrativo. São os cidadãos, no uso das suas prerrogativas que votam pelo sim, ou pelo não, nas questões atinentes aos seus interesses. 
No caso do Pará, registra-se com base em coleta de dados e informações concretas resultantes da votação, que embora o resultado foi proclamado como "NÃO", na verdade, deu o "SIM". Obviamente que estamos diante de um aparente paradoxo, pois como "não" é "sim"? Bem, a informação real é que somando as populações votantes das regiões do Carajás e do Tapajós, o "SIM" somou cerca de 90%. Logo, o que sobrou foram os míseros 10% restantes. Neste caso fica a enorme dúvida: deu "SIM", ou deu "NÃO"? A vontade dos cidadãos do Carajás e do Tapajós é que sejam autônomos os seus respectivos territórios. Mas, a vontade burocraticamente engendrada do restante é que a situação permaneça como está. Isto lhes rende vultosas somas de arrecadação, como também a dilapidação do patrimônio genético, energético, mineral destas regiões. 
O povo sofrido, abandonado e pouco assistido pelo aparelho do estado do Pará está profundamente decepcionado e na dúvida: como o "SIM" é "NÃO"? Pois bem, pelo sim, ou pelo não, resta-lhes não depor as armas. Há outras vias para conseguir a autonomia político-administrativa, e promover o tão desejado e esperado progresso que permanece nas mãos de uma meia dúzia de paraenses que tratam a coisa pública como feudos de propriedade hereditária e particular.
O processo não está encerrado, e muito menos, sacramentado. Os cidadãos podem encaminhar projeto de lei popular e propor um novo plebiscito. Ainda podem caçar os contrários por meio das urnas nas próximas eleições. Escolher representantes que sejam favoráveis à autonomia e que lutem por ela em todas as instâncias.
O fato é que o resultado abriu uma enorme ferida que já existia, porém estava encoberta por curativos e bandagens artificialmente colocadas. Agora a ferida precisa de uma cura completa e satisfatória para a saúde do Carajás e do Tapajós.

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