sábado, 19 de janeiro de 2008

Não É: "Deus, Um Delírio", Mas, O Delírio de Deus...

Richard Dawkins é o autor do já celebrado e best seller "Deus, Um Delírio". Este homem possui um dos mais elevados perfis no campo da ciência biológica e da filosofia. Assim se descreve o seu brilho e o seu brilhantismo: "num tempo de guerras e ataques terroristas com motivações religiosas, o movimento pró-ateísmo ganha força no mundo todo. E seu líder é o respeitado biólogo Richard Dawkins, eleito recentemente um dos três intelectuais mais importantes do mundo (junto com Umberto Eco e Noam Chomsky) pela revista inglesa Prospect. Autor de vários clássicos nas áreas de ciência e filosofia, ele sempre atestou a irracionalidade de acreditar em Deus, e os terríveis danos que a crença já causou à sociedade."
Este é de fato o perfil do homem natural que, sem perspectiva de ver da mera letra além, se decepciona quando não consegue ver Deus, ou se deprime ao olhar para dentro de si mesmo no espelho do teatro individual. Para suprimir Deus, busca ilustrar-se ao máximo e, uma vez, iluminado com luz própria, enuncia aquilo que a sua mente pode alcançar e concluir à luz de si mesmo. Mas, se a luz que há no homem são trevas, quão grandes são as suas trevas. Visto que, para o homem natural, Deus não é, e, muito menos, existe, restando-lhe, assim, afirmar o pró-ateismo. Entretanto, tal assertiva é paradoxal, para não dizer incoerente, uma vez que se afirma o que não é, e que não existe. Não há necessidade de afirmação ou negação daquilo que não é, e que não existe.
Não é Deus um delírio dos religiosos. O delírio é o próprio religioso que tenta criar um Deus à sua imagem e semelhança. Deus nada tem a ver com a religião e, por conseqüência, com o religioso. Este é sujeito daquela, logo, aquela não existe sem este, sendo ele o seu sujeito, obrigatoriamente aquela é o seu objeto. Não se pode tomar religião por verdade, mas apenas como a verdade relativizada ao homem. A verdade não é um conceito, não é uma doutrina, não é uma concepção filosófica. A verdade é uma pessoa, a saber, o próprio Deus.
A religião se define como sendo uma propositura delirante do homem em direção a um Deus que, no seu eterno delírio de amor e justiça, resolveu buscar o vaso que se havia quebrado nas mãos do oleiro. A religião parte do relativo ao absoluto, mas a verdade parte do absoluto ao relativo. Isto faz grande diferença na medida em que, o delírio do homem não pode mudar o Deus que delira em graça abrindo mão da sua soberania de, inclusive, nada fazer pelo homem. Quando alguém se debruçar sobre a tarefa de compreender o que é soberania saberá, entre outras coisas, que Deus pode absolutamente tudo sem necessidade de consultar o homem.
Essencialmente, se pode afirmar, como Brennan Meaning afirma: "Deus não tem dignidade". É chocante à prima visio, todavia, o que se afirma, neste caso, é que Ele abre mão da Sua infinita dignidade, para buscar o homem indigno sem que este nada mereça. A questão toda se circunscreve ao fato de que o homem faz uma avaliação super-faturada de si mesmo e julga poder controlar Deus.
É de Phillip Yancey a definição de misericórdia, como sendo Deus não dando ao homem o que de fato este merece, isto é, o inferno. Já a sua definição de graça é Deus fzendo tudo por quem nada merece. Assim, a ação de Deus é sempre monérgica e independente, posto que a soberania Lhe confere total e plena autonomia para fazer, ou deixar de fazer qualquer coisa.
Invariavelmente vivemos um tempo de muitas falácias e pouca profundidade até mesmo para negar Deus.

2 comentários:

Welbio Coelho disse...

Linus, li o texto e gostei muito.
Sou fã do uso de trocadilhos com as palavras.
Na verdade, como vc disse, Deus é que está delirando...

Unknown disse...

Professor "Linus" li seu artigo! Fico feliz ao ver uma observação de um professor que respeito muito e considero um grande intelectual em relação a um assunto antigo mais que sempre irá intrigar, eu li o livro de Dawkins e confesso que seus argumentos realmente são capazes de abalar a fé de qualquer um,afinal são fatos irrefutáveis, ao meu ver nossa concepção Divina de um deus hora machista ora marxista, que julga e condena, que reprime e propaga magia realmente é um "delírio" creio que a própria palavra Deus com o passar dos tempos já se tornou impregnada de sentimentos e propósitos que não condizem que com sua essência. Mais um fato grande a favor da existência de algo ao invés do nada,foi levantado não só pelas experiências pessoas que vivemos mais também pela nossa própria ciÊncia que em pouca quantidade nos afasta de Deus mais em grande quantidade nos aproxima, O próprio Noam Chomsky citado a cima como um dos grandes intelectuais do século mesmo sendo um ateu convicto conclui em seus estudos(lingüística) que nossa capacidade de comunicação e compreensão do que falamos está localizada numa região do cérebro e evolui juntamente com a evolução humana, logo nunca iremos explicar tudo, sequer perguntar sobre tudo pois existem problemas e situações aquém da nossa capacidade de expressar!!, realmente é uma grande observação que creio que deveria ser tão divulgada quanto os fatos que propagam um ateísmo, Realmente tomar as palavras de Dawkins ou Darwin que seja, como verdades absolutas seria demonstrar mais fé nessas pessoas que um cristão em cristo ou um budista em Buda!!!