sábado, 1 de março de 2008

A Oclocracia Instalada

Oclocracia provém do grego 'okhlos', que significa 'multidão, plebe' e 'kratos', que singinifica 'domínio, poder', não é, necessariamente, uma forma de governo, mas apenas uma crise instaurada nas instituições em função da ação irracível das multidões. Neste sentido, oclocracia indica uma espécie de opressão imposta pelas turbas ao poder legítimo e às leis, fazendo valer os seus intentos, interesses e caprichos colocados acima de quaisquer determinações do direito positivado.
A Oclocracia também se define como sendo o abuso que se instala em um governo democrático, quando a multidão se assenhoria da coisa pública.
Na visão clássica de Aristóteles, a Oclocracia é um dos três tipos específicos de degeneração das formas puras de governo, notadamente da Democracia .
Se os conceitos e definições não escapam ao senso, à percepção e à apreensão da cultura ocidental posta estamos, no Brasil, diante de um caso típico de Oclocracia instalada. Senão, vejamos! Quem hoje neste país se sente seguro em relação à propriedade rural ou urbana? Quem se sente seguro em relção à estabilidade econômica artificializada e maquiada por atores agenciados pelo Estado e colocados quase que a força nos postos estratégicos do planejamento e gestão pública? Quem se sente seguro ao sair de casa, seja para o trbalho, seja para o laser? Quem dá credibilidade no que a grande mídia escreve ou fala? Quem se sente seguro na defesa das fronteiras, no caso de um confronto pela Amazônia? Quem se sente absolutamente confiante ao comprar uma passagem aérea para vôos doméstics ou internacionais? Quem pode sentir completamente seguro em relação ao sigilo dos seus dados e informações pessoais, fiscais e bancários neste ponto da nossa história comum?
O país foi tomado de assalto e de sobressalto ao ver este ou aquele servidor público estender a mão para tomar das mãos de um corruptor, ou do seu preposto, um pacote de dinheiro diante de câmera oculta por mero industriamento sórdido. De igual modo, o país ficou perpassado ao ver o desenrolar dos valeriodutos e dos mensaleiros assaltando os bolsos dos contribuintes.
Como se pode acreditar que um determinado governo possa administrar o Estado de modo equânime, quando a intencionalidade é fazer clienteslismo com a coisa pública? Clientelismo, fisiologismo e outras aberrações da gestão pública no Brasil, joga o país na canaleta da oclocracia, visto que o Estado, na pessoa dos gestores maiores, premia as turbas menos favorecidas com políticas essencialmente populistas. Tal situação cria, na realidade, na mentalidade das camadas mais pobres, a idéia de que só têm direitos, mas nunca deveres. Insinua de modo velado ou ostensivo a noção de que todos os ricos, o são, porque roubaram os pobres. Assim, o Estado, na pessoa de alguns gestores, instala por conta própria a tensão social e instiga a luta de classes. Qual será o projeto? Com que objetivo? Para que?
Esta postura demodê, tem muito do bolchevismo do famigerado modelo do socialismo real instalado na Rússia de 1917. Não bastasse ser anacrônico, é também, e, principalmente estúpido, pois provou-se ineficiente em todas as socieades onde foi instalado e instaurado.
Toda vez que o poder central se vê ameaçado de ser posto em cheque, o gestor principal, se põe em campo e sob quaisquer pretextos usa do discurso emocional, a fim de comover as massas manobradas e manobristas. Esta é a psicologia oclocrática colocada em marcha neste país, por uma corja que só pensa em se dar bem a custa do dinheiro dos outros e do que foi construído pelo que consideram abominável.
Esta não é uma tese fortuita, mas uma constatação perceptível, visto que o oclocrata chefe, se pôs em autodefesa, por conta do escândalo dos cartões corporativos. Nestes momentos em que o seu projeto sinistro fica em descoberto, logo se põe a atacar a mídia, como também, as não-pouco atacadas "elites" e o grande capital. Como se não bastasse a disparada da metralhadora da mediocridade e falta de luz própria, ataca os outros poderes da República, como se viu nesta semana. Não fosse pouco o vexame da verborréia esquerdofrênica, o uso das palavras de baixo calão, como é próprio dos incompetentes apanhados em suas prevaricações e improbidades, também a desestabilização das instituições guardiãs do pacto federativo republicano.
Mas, como foram as "elites", os intelectuais e a imprensa imediatista e gananciosa que colocaram estes gestores no poder, que os mesmos se encarreguem de combater e abater a oclocracia deste mesmo poder.
"Nunca na história deste país" se viu tanta falta do uso da inteligência!

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