sábado, 9 de fevereiro de 2008

Oriente Médio, Um Barril de Pólvora I

A partir deste, dar-se-á uma série de artigos sobre o "Oriente Médio". O tema é, por si só, intricante, necessário e curioso. Há inúmeras maneiras de se abordar um tema, sendo ele polêmico, ou não. Entretanto, alguns temas são, na sua própria origem, história e natureza, polêmicos. O "Oriente Médio" é um destes e transita desde a empolgação até a ira.
Não é por acaso que, ali, naquele palco milenar travam-se tantas e inumeráveis batalhas. Seus protagonistas, atores e coadjuvantes são, na essência, a própria polêmica que vive e revive pelos séculos.
Antes de se dar sequência a esta tarefa, são necessários alguns esclarecimentos. Primeiramente, o termo "Oriente Médio" não é suficiente, e pode-se dizer, que, é até displicente ou propositado. Visto que o planeta está dividido em quatro hemisférios, costuma-se denominar a porção à leste do meridiano de Greenwich como Oriente e a porção à oeste deste, de Ocidente. Considerando-se que a porção oriental, onde se localiza a região em tela, seja, em sua extensão e relação geográfica, dividida em extremo oriente, médio oriente e oriente próximo, a referida região, objeto deste artigo, situa-se no Oriente Próximo ou Ásia Ocidental.
Secundariamente, o que significa a expressão "Oriente Médio"? É o subproduto da historiografia eurocentrista que, por sua posição, considerava esta sub-região asiática, como sendo o ponto médio entre a Europa Ocidental e o Extremo Oriente. Isto remonta à época das rotas comerciais entre o Oriente e o Ocidente. Por imposição da ideologia ocidental prevalece ainda na mídia e nos livros a expressão "Oriente Médio".
O Oriente Próximo ou Ásia Ocidental é uma das sub-regiões do Continente Asiático e sua delimitação é determinada pela extensão das suas sub-regiões com todos os seus pressupostos culturais. Assim, o "Oriente Médio" se compõe da Ásia Menor, (onde está a Turquia), da Mesopotâmia (atual Iraque), do Planalto Iraniano (onde estão o Irã e o Afeganistão), do Levante (onde estão o Líbano e a Síria), da Palestina (onde está Israel e os territórios de Gaza e Cisjordânia, que, segundo se espera, formarão o Estado da Palestina), a Península Arábica (onde está a Árabia Saudita e mais alguns países) e o Sinai (que pertence ao Egito). Então pode-se dizer que a Ásia contém o "Oriente Médio" e, este, contém suas seis sub-regiões retromencionadas.
O "Oriente Médio" é de fato, a encruzilhada geopolítica do mundo. A partir dessa região, têm-se a Europa, a Ásia e a África, imediatamente mais próximas, e a meio caminho têm-se a Oceania e a América. Por isso, sempre foi alvo dos mais ambiciosos conquistadores ao longo da história, pois quem tiver o "Oriente Médio" às mãos, poderá ter o mundo rapidamente a seus pés. No livro do profeta Ezequiel há uma referência à centralidade de Jerusalém, a capital de Israel e cidade mais importante: "Assim diz o Senhor Deus: Esta é Jerusalém; coloquei-a no meio das nações, estando os países ao seu redor." A hermenêutica e a exegese mostram que tal centralidade pode ser objeto de mais de uma interpretação, mas é centralidade da mesma forma.
Jerusalém é hoje uma cidade dividida, disputada e pretendida por, no mínimo, três grandes segmentos histórico-religiosos: o judaísmo, o islamismo e o cristianismo. Em nome de Cristo e da "fé cristã", o solo da cidade santa já foi muitas vezes banhado do sangue à época das cruzadas. Em nome de Maomé, árabes-palestinos e outros muçulmanos reivindicam o direito sagrado sobre Jerusalém e, finalmente, em nome da sua história ali iniciada e desenvolida durante muitos séclos, os judeus reivindicam-na como capital eterna de Israel. É, de fato, a pedra de tropeço colocada entre os povos e nações, porque tudo quanto sucede ao "Oriente Médio" sucede e afeta o mundo.

Nenhum comentário: